SÃO PAULO — A equipe médica que atende o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) constatou febre e uma “pequena coleção de líquido ao lado do intestino” e submeteu o deputado a uma drenagem , segundo boletim do Hospital Albert Einstein emitido nesta quinta-feira.
Após apresentar febre de 37,7°C, foi realizada uma tomografia computadorizada de tórax e abdômen que evidenciou a presença do líquido. Bolsonaro então foi submetido a uma drenagem”guiada por imagem, sem intercorrências”.
Bolsonaro “está com dreno no local e evolui sem dor” segundo o boletim. A nota informa ainda que a dieta líquida por via oral introduzida na quarta-feira está com boa aceitação, associada à alimentação endovenosa. O capitão recebeu alta da UTI após a segunda cirurgia no último domingo e está na unidade de tratamento semi-intensivo.
Embora signifique uma espécie de complicação, a “coleção de líquido” detectada ao lado do intestino é uma reação esperada para pacientes que passaram por traumas severos como ele, explica a médica Elaine Moreira, da Federação Brasileia de Gastroenterologia.
Segundo Elaine, ela é resultado de um processo inflamatório, por meio do qual o organismo tenta combater uma infecção:
– É algo esperado para quadros como o dele – afirma a médica. – Por vezes, o organismo do paciente se encarrega, sozinho, de absorver esse líquido. Em alguns casos, como foi o dele, é preciso fazer uma drenagem.
Elaine diz que, para entender o que se passou com Bolsonaro nessa tarde, é preciso retornar à segundo cirurgia feita pelo candidato na quarta-feira passada. Na ocasião, Bolsonaro sofria de uma obstrução intestinal. Ela rompeu os pontos de sutura e liberou secreções, como fezes, na cavidade abdominal:
– Durante essa segunda cirurgia, os médicos desfizeram a obstrução manualmente, e lavaram a cavidade abdominal – explica Elaine.
Ainda que cuidadosa, a lavagem não foi suficiente para eliminar todos os pontos de contaminação. Sobraram resquícios de secreções, ricas em bactérias. A infecção decorrente deu origem a um processo inflamatório – uma tentativa do organismo de combater o problema – e gerou acúmulo de líquido. Grosso modo, diz Elaine, é como se uma bolsa de pus tivesse se formado.
– É uma complicação, porque o ideal é que não tenha coleção nenhuma. Mas é o esperado, levando em conta o que aconteceu – diz Elaine. – O tratamento, a partir daí, é feito com antibiótico. E deve significar que ele vai ficar mais tempo internado.
Afastado da campanha eleitoral desde 6 de setembro, quando foi esfaqueado em Juiz de Fora, Minas Gerais, Bolsonaro tem visitas limitadas por recomendação médica. Apenas pessoas autorizadas pela família podem vê-lo pessoalmente. O candidato não tem previsão de alta.
No último domingo, durante uma transmissão ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro disse que na esperava ter alta em uma semana. A família e a equipe médica, no entanto, evitam precisar a data de saída do hospital. De acorco com a avaliação dos médicos, quadros graves como o do candidato exigem uma internação prolongada.
Confira a matéria em: O Globo
Médica especialista em gastroenterologia.
Pós-graduada em Medicina Integrativa, Hospital Israelita Albert Einstein
Coordenadora do MIPRA e Membro da Comissão FBG Mulher